A história do cinema é marcada por muitos avanços e inovações tecnológicas que ocorrem desde a sua criação. Sua história se iniciou, para a maior parte dos historiadores, no dia 28 de dezembro de 1895, quando os irmãos Lumiére realizaram a primeira sessão de cinema, em Paris, para um público que pagou pelo ingresso. 3e1a29
Na primeira década do século XX, o cinema começou a se popularizar, e muitos estúdios cinematográficos foram criados, principalmente na região de Hollywood, nos Estados Unidos.
No final da década de 1920, diversas tecnologias modificaram a indústria cinematográfica, como o filme falado e o cinema em cores. A partir da década de 1930, iniciou-se a era de ouro do cinema, quando a sétima arte era a principal forma de entretenimento para a maior parte das pessoas das principais cidades do mundo. A maior parte dos filmes dessa época foi produzida pelos estúdios de Hollywood e utilizada politicamente pelos Estados Unidos.
Na década de 1960, o cinema perdeu sua hegemonia, principalmente pela popularização da televisão, e a era de ouro terminou. Nos últimos anos, no entanto, graças aos streamings on-line de filmes e séries, a cinematografia ganhou novo impulso em diversos países.
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Cinema é um termo que se refere à arte de produção de filmes e a um objeto que projeta de forma rápida diversos fotogramas que criam a impressão de movimento em nossos cérebros. A palavra escolhida pelos irmãos Lumière para seu invento, o cinematógrafo (em francês, cinematografe), foi formada por dois termos de origem grega, kinema, que significa “movimento”, e gráphein, que significa algo como “registro” ou “escrita”. A palavra cinema é uma abreviação de cinematógrafo. No Brasil, e em muitos lugares do mundo, a palavra cinema também pode se referir à sala de cinema, onde os filmes são projetados.
Para a produção de um filme, existem diversas etapas, como produção do roteiro, elaboração dos cenários, figurinos, músicas, filmagens, edição de áudio, de vídeo, entre outras. Todos os profissionais envolvidos nessas diferentes etapas da produção fazem parte da indústria cinematográfica.
Em 1891, a empresa do inventor Thomas Edison, a Edison Company, apresentou o cinetoscópio, uma máquina que fazia projeções internas de imagens apenas para uma pessoa. As imagens do cinetoscópio eram produzidas pelo cinetógrafo, espécie de filmadora também patenteada pela Edison Company. Para funcionar, o usuário deveria inserir uma moeda na máquina que apresentava o filme. Essas primeiras películas demoravam apenas alguns segundos, mas foram ficando longas com o ar do tempo.
Diversos estabelecimentos comerciais, como lanchonetes, bares, tabacarias e cafeterias, tinham cinetoscópio, com os quais ampliavam seus ganhos.
Apesar disso, o cinema como conhecemos, com uma grande tela apresentando um filme para um público, foi inventado pelos irmãos August e Louis Lumière. Em dezembro de 1895, eles utilizaram o cinematógrafo, um híbrido de filmadora e projetor movido à manivela, para apresentar o primeiro filme para um público, em Paris.
O invento dos irmãos Lumière foi um sucesso e apresentações cinematográficas aram a ser realizadas em diversos espaços, primeiro adaptados e, posteriormente, criados especificamente para a projeção de filmes. Os primeiros filmes apresentavam cenas de pessoas desenvolvendo atividades cotidianas, cenas urbanas e rurais e algumas comédias.
A projeção de 28 de dezembro de 1895, feita pelos irmãos Lumiére no Grande Café Paris, é considerada a primeira exibição pública cinematográfica da história. Utilizando o cinematógrafo, os irmãos projetaram 10 curtos filmes para uma plateia de poucas dezenas de pessoas que pagaram ingresso para entrar na sala de apresentação. Os 10 filmes apresentaram cenas gravadas em vias públicas, de comédia e de bebês.
O filme mais famoso dos irmãos Lumiére mostra um homem que rega sua plantação, quando uma criança pisa na mangueira, impedindo o fluxo de água. O homem observa o bico da mangueira sem água, a criança retira o pé e a água esguicha no rosto do homem. O filme foi chamado de O regador regado. Cópias do filme foram vendidas, tornando esse o primeiro filme mundialmente conhecido.
O cinema narrativo é aquele em que o filme conta uma história, fictícia ou não, com causa e efeito, com começo, meio e fim.
Alice Guy Blaché foi uma cineasta sa que revolucionou o cinema narrativo a partir do final do século XIX. Blaché foi roteirista e dirigiu e atuou em quase mil produções, destacando-se no cinema narrativo ficcional. Ela foi uma das pioneiras nos efeitos especiais, manipulando imagens e usando em seus filmes técnicas de ilusionistas. Também foi pioneira em sincronizar áudios gravados com as imagens apresentadas no filme.
Outro cineasta revolucionário do início do século XX foi Georges Méliès. Antes de ser cineasta, ele foi ilusionista, utilizando largamente seu conhecimento na cinematografia. Ele também utilizou a maquiagem, o stop motion (quadro parado), entre diversas outras técnicas que modificaram drasticamente os efeitos especiais. Sua obra mais famosa foi Viagem à Lua, baseada na obra de Júlio Verne. A obra é considerada a primeira obra cinematográfica de ficção científica, gênero muito popular ainda hoje.
No início da cinematografia, os filmes não tinham áudio e, por isso, o período ficou conhecido como época do cinema mudo. Mas o cinema mudo não era tão mudo assim, muitas vezes músicos ou bandas, dentro da sala de cinema, tocavam a trilha sonora do filme, artistas narravam, e até mesmo havia o uso de alguns dispositivos que apresentavam áudios sincronizados com a apresentação. Também era comum o uso de textos entre as cenas, com o objetivo de que os espectadores entendessem a história, ou de atores escondidos que dublavam as falas.
Charles Chaplin foi o principal ator da época do cinema mudo, tornando-se uma das principais celebridades do período. Entre os principais filmes mudos de Chaplin, estão Carlitos repórter (1914), O vagabundo (1915) e O garoto (1919).
O filme com maior bilheteria do cinema mudo foi O nascimento de uma nação, de 1915. O filme é considerado um dos mais racistas da história de Hollywood, pois o longa-metragem exaltava a segregação racial e a Ku Klux Klan.
Foi durante a era do cinema mudo que Hollywood ou a se destacar como centro mundial de produção cinematográfica. Nesse período se instalaram na região os estúdios Paramount, Warner Bros, RKO, Walt Disney e Columbia. A era do cinema mudo durou até o final da década de 1920, quando os primeiros filmes com áudio aram a ser exibidos.
A partir da década de 1930, foi criado o Código Hays, composto por uma série de normas para a produção de filmes nos Estados Unidos. O código foi criado pela Associação dos Produtores e Distribuidores de Filmes da América, que, na época, era chefiada por Will Hays, por isso o código ficou conhecido por esse nome, embora oficialmente fosse chamado de Código de Produção de Cinema.
O código abarcava dois campos principais, “o que não deveria ser mostrado nos filmes” e “o que deveria ser evitado”. O código variou bastante durante a sua existência. Todavia, em determinados momentos, os filmes hollywoodianos não deveriam mostrar nudez, escravidão de brancos, relações amorosas entre negros e brancos, críticas ao clero, entre diversas outras.
O cinematógrafo dos irmãos Lumiére é considerado o invento que deu início ao cinema, embora alguns historiadores questionem o pioneirismo deles.
A fase do cinema mudo foi significativa para o avanço do cinema. Durante essa fase, foram criados os primeiros roteiros ficcionais, foram utilizados os primeiros efeitos especiais, e diversas técnicas de filmagem foram desenvolvidas.
O filme The jazz singer, em português “O cantor de jazz”, foi o primeiro filme falado da história. Nele, Al Jolson se tornou o primeiro ator a cantar e falar em um filme.
Outra inovação que revolucionou a cinematografia foi o desenvolvimento de técnicas que permitiram a gravação e reprodução de filmes coloridos, como a desenvolvida pela empresa estadunidense Technicolor. Nesse processo, um projetor projetava cores em tons de vermelho e outro, em tons de verde, um prisma misturava as cores antes da projeção, criando uma imagem colorida. O processo foi usado em alguns filmes, como The gulf between, de 1917, mas era extremamente caro e foi pouco utilizado.
Em 1932 a Technicolor desenvolveu um novo sistema muito mais barato e tinha cores mais vibrantes ao serem projetadas. Walt Disney utilizou essa técnica pela primeira vez em um curta metragem chamado Flores e árvores.
Eugen Schufftan foi um cineasta que desenvolveu o chamado efeito Schufftan, técnica que revolucionou os efeitos especiais no cinema. Dois espelhos eram posicionados na frente da câmera e isso possibilitava sobrepor duas imagens em escalas diferentes. Por exemplo, era possível que pessoas fossem inseridas em escala em maquetes, na mesma cena, o que reduziu drasticamente os custos com a produção de cenários.
Outra inovação que modificou a cinematografia foi o chamado cinema digital. Desde o final da década de 1990, diversos estúdios aram a gravar e editar filmes digitalmente. Em 2005, um empreendimento conjunto dos maiores estúdios de Hollywood lançou a Digital Cinema Initiatives, a DCI, o sistema digital que substituiu os filmes de rolo nos cinemas em todo o mundo.
Com a tecnologia digital, os filmes aram a ser gravados com câmeras de alta definição, a edição se tornou mais barata, as possibilidades de efeitos especiais cresceram exponencialmente e os custos com transporte para a distribuição dos filmes foram eliminados, uma vez que os filmes aram a ser enviados aos cinemas pela internet e não mais transportados em rolos por veículos automotores.
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A era de ouro do cinema se iniciou na década de 1920 e se encerrou na década de 1960. Durante esse período, o cinema foi a principal forma de entretenimento para a maior parte das pessoas das grandes cidades do mundo. Diversos estilos cinematográficos fizeram sucesso, como filmes musicais, de terror, de ficção científica, romances e comédias. Além disso, grandes estúdios produziram os principais filmes assistidos em todo o planeta.
Na década de 1960, sobretudo pela popularização dos aparelhos de televisão, a era de ouro do cinema terminou, mas, ainda hoje, a indústria cinematográfica arrecada bilhões de dólares todos os anos. Em 2022, por exemplo, ela arrecadou mais de 26 bilhões de dólares, segundo a Gower Street Analytics.|1|
Notas
|1|CAPUANO, Amanda. Bilheteria global do cinema aumentou em 2022. Revista Veja, 6 jan. 2023. Disponível em https://brasilescola-uol-br.parainforma.com/coluna/em-cartaz/bilheteria-global-do-cinema-sobe-em-2022-entenda-o-que-puxou-avanco.
|2|MARASCIULO, Marilia. 11 curiosidades sobre Hollywood que vão mudar como você assiste a filmes. Revista Galileu, 21 dez. 2017. Disponível em https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2017/12/11-curiosidades-sobre-hollywood-que-vao-mudar-como-voce-assiste-filmes.html.
|3|MARASCIULO, Marilia. 11 curiosidades sobre Hollywood que vão mudar como você assiste a filmes. Revista Galileu, 21 dez. 2017. Disponível em https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2017/12/11-curiosidades-sobre-hollywood-que-vao-mudar-como-voce-assiste-filmes.html.
Créditos das imagens
[1]Marcellin Auzolle / Wikimedia Commons (reprodução)
[2]Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
BALLERINI, Franthiesco. A história do cinema mundial. Summus Editorial, São Paulo, 2020.
BORDWELL, David. A arte do cinema: uma introdução. EDUSP, São Paulo, 2013.
CAPUANO, Amanda. Bilheteria global do cinema aumentou em 2022. Revista Veja, 6 jan. 2023. Disponível em https://brasilescola-uol-br.parainforma.com/coluna/em-cartaz/bilheteria-global-do-cinema-sobe-em-2022-entenda-o-que-puxou-avanco.
MARASCIULO, Marilia. 11 curiosidades sobre Hollywood que vão mudar como você assiste a filmes. Revista Galileu, 21 dez. 2017. Disponível em https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2017/12/11-curiosidades-sobre-hollywood-que-vao-mudar-como-voce-assiste-filmes.html.
Fonte: Brasil Escola - /artes/cinema.htm